Comportamento, Cognição e Neurociências

Comportamento, Cognição e Neurociências

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Resumo do artigo: INFANT SIGN TRAINING AND FUNCTIONAL ANALYSIS

Apresentaremos nesta publicação os procedimentos e a metodologia utilizada por Normand, Machado, Hustyi e  Morley (2011) em um estudo em que um dos focos é estudar possibilidades de aprendizagem em um contexto de linguagem de sinais com crianças com desenvolvimento típico. Os autores partem de princípios básicos da Análise do Comportamento e o texto original pode ser obtido aqui.

O Behaviorismo Radical, princípio filosófico da Análise do Comportamento proposto por B. F. Skinner, tem um especial interesse em responder a pergunta “por que os organismos se comportam da forma que o fazem?”. Para tentar responder a esta pergunta, o Behaviorismo Radical adota um modelo selecionista de causalidade para os comportamentos dos indivíduos, análogo à Seleção Natural de Darwin. Para a Análise do Comportamento, torna-se importante buscar as funções dos comportamentos-alvo e compreender as variáveis envolvidas em seu acontecimento (e responder, entre outras perguntas: o que acontece antes do comportamento? Como ele ocorre e em quais circunstâncias? Quais são suas consequências?) a fim de poder prevê-los e controlá-los.

Tem-se conhecimento do desenvolvimento, nas últimas décadas, de muitos estudos que enfocam a importância do ensino da linguagem de sinais para crianças. No entanto, tais pesquisas costumavam ser limitadas por conta do uso de procedimentos não-sistemáticos de ensino da língua de sinais. Diante desse cenário, Thompson (et al., 2007, citado em Normand et al., 2011) desenvolveu um estudo, no qual propôs demonstrar a eficácia de um procedimento de “dica” e reforçamento para o aprendizado desse tipo de linguagem: o experimentador fornecia estímulos ou modelos de imitação para as crianças e, quando elas conseguiam fazer os sinais de modo correto, recebiam uma espécie de gratificação (chamado aqui de “reforço”).

Para Skinner, falas ou gestos que são utilizados na comunicação das pessoas (denominados comportamentos verbais) são influenciados por variáveis ambientais, ou seja, pelos elementos que fazem parte do contexto da sua emissão e pelo impacto que causam no ambiente após essa emissão. Desse modo, pode-se dizer, ainda, que estes comportamentos apresentam uma função específica no ambiente e Skinner propôs uma classificação dessas funções. Abaixo, a tabela ilustra apenas algumas das funções e denominações propostas:

Tabela 1. Denominações de comportamentos verbais
Função
Denominação
Pedido, comando ou sugestão
“Mando”
Descrever algo que está sendo visto, contactado ou sentido
“Tato”
Imitar as verbalizações de outras pessoas
“Ecóico”/”mimético”
Tabela 1: Exemplos de comportamentos verbais estudados pela Análise do Comportamento, a partir de sua função.

Os estudos no campo do Comportamento Verbal e as estratégias de ensino da linguagem de sinais descritas por Thompson et al.,(2007) forneceram subsídios para outras pesquisas que avaliaram as funções de sinais ensinados a crianças que apresentavam desenvolvimento atípico (autismo, por exemplo). Através do desenvolvimento de análises funcionais, tais estudos buscavam descobrir que elementos, estando presentes antes e depois do sinal ser apresentado pela criança, podem facilitar seu aprendizado e que impacto eles, de fato, em quem os recebe.

Esta pesquisa de Normand et al (2011) é a primeira, até a sua publicação, que relata a utilização da metodologia de análise funcional do comportamento verbal em treinos de comunicação de sinais que foi realizada com crianças com desenvolvimento típico. Seu objetivo principal foi testar a generalização desse aprendizado para além das situações do experimento após o treino dessa linguagem.

O estudo contou com a participação de três crianças (Julie e Ed com oito meses de idade e Yvonne com um ano e três meses de idade) alunas de uma mesma creche e que ainda não haviam desenvolvido a fala vocalizada. Cuidadores das crianças indicaram que tipo de alimento ou de objeto poderiam ser utilizados como reforçadores dos comportamentos-alvo: um tipo de prêmio apresentados para crianças (ou seja, que funcionariam como estímulos para que tais comportamentos voltassem a ocorrer). Desse modo, para Julie, era requerido um gesto para conseguir molho de maçã; para Ed., era solicitado um outro gesto para conseguir acesso a um chocalho; e para Yvonne, era requerido um sinal para conseguir pêras. 

Foram realizadas de uma a três sessões por dia, alguns dias por semana. Cada sessão tinha duração de cinco minutos e eram gravadas para análise posterior de observadores. Durante as sessões, não havia outras pessoas e foram contabilizados quantos sinais eram emitidos com as dicas dadas pelo experimentador e quantos eram emitidos de forma independente (sem dicas). Realizaram-se os cinco procedimentos descritos abaixo:

Linha de base inicial: Em um primeiro momento, prêmios (molho de maça, chocalho e pêra) eram apresentados a cada período de 10 segundos, independente do comportamento apresentado pela criança durante a sessão.

Treino de Sinais:  Em seguida, Para Julie e Yvonne, era apresentado o modelo do gesto logo no começo de cada sessão, ou seja, o experimentador fazia o gesto. Caso, após cinco segundos, as participantes não fizessem o sinal, o experimentador as auxiliava fisicamente, e então era fornecido o reforçador. Em cada sessão seguinte, a apresentação dos modelos era progressivamente atrasada até que, em três sessões consecutivas, as crianças apresentassem os sinais de forma independente durante o atraso mais longo. Já com Ed, a primeira dica era vocal (“O que você quer?”) e, caso o sinal não fosse apresentado em até cinco segundos, então o experimentador repetia a pergunta apresentando o chocalho. Caso, ainda assim, não houvesse a resposta-alvo após cinco segundos, os modelos seguiriam como os das meninas.
As outras três etapas encontram-se sintetizadas e descritas na Tabela 2 abaixo.

Tabela 2.
Retorno à linha de base
Retorno ao treino de sinais
Análises Funcionais
Procedimento similar à primeira fase, no entanto, o período entre a liberação de reforços era somado à metade do período entre as respostas apresentadas na fase de treino. 
 Procedimentos parecidos aos da primeira fase de treino, entretanto, o atraso para as dicas verbais ou de modelo se mantinha constante (cinco segundos). As sessões continuavam até que se observasse um aumento da emissão independente de sinais.
Ocorria entre as fases de retorno ao treino de sinais. Para realizar análises funcionais, foram realizadas sessões testes e sessões controle, que permitiam O principal objetivo aqui era avaliar a função dos sinais emitidos como um mando, um tato ou um mimético.
Tabela 2: Outros procedimentos realizados pelos experimentadores para obter os resultados.

Os resultados indicaram que durante as sessões de Linha de Base Inicial, dois participantes (Julie e Ivonne) não emitiram sinais, enquanto, o participante Ed emitiu sinais independentes que diminuíram a zero dentro de quatro sessões. Durante a fase do Treino de Sinais, houve o aumento de gestos independentes para os três participantes. Com o Retorno à Linha de Base, os participantes Julie e Ed, diminuíram a emissão de sinais a zero dentro de cinco e três sessões, respectivamente. A participante Ivonne, inicialmente, aumentou a emissão de sinais que foi seguida por uma diminuição imediata a níveis próximos de zero. O Retorno ao Treino de Sinais indicou que para os três participantes houve um aumento do sinalizar independente a níveis mais altos do que os observados durante a fase inicial do treino de sinais. As Análises Funcionais indicaram que os três participantes sinalizaram mais frequentemente durante as sessões do teste de mando, com poucos sinais observados durante a condição de teste mimético, no entanto, o participante Ed também sinalizou, ocasionalmente, durante a condição do teste de tato. Esses resultados indicam que os sinais para “molho de maçã”, “pêra” e “chocalho” funcionaram como um mando e um mimético para os participantes Julie, Ivonne e Ed, respectivamente.

Como já visto em outros experimentos e diante de algumas condições, as crianças que participaram do estudo aprenderam os sinais (em alguns momentos fica mais claro do que em outros) ao longo de algumas sessões. Além disso, muito embora estas análises tenham sido feitas em indivíduos com o desenvolvimento típico, também demonstra subsídios com jovens crianças com autismo ou outro desenvolvimento atípico.

Os resultados podem ser importantes para entendermos como se dá o desenvolvimento da linguagem e utilizar na aquisição de programas que ajudem a desenvolver a mesma. Porém, é importante que as investigações nessa área não parem por aqui. Descrições são necessárias como ferramentas de práticas clínicas que visam acompanhar o progresso e identificar possíveis déficits. Talvez, o entendimento mais completo em cima da aquisição da linguagem  proporcione uma tecnologia de ensino mais eficiente e efetiva.


Para refletir...!
1 – Com base nos resultados alcançados nesse trabalho, a partir da Análise Funcional do comportamento verbal, haveria algum “ponto de encontro” entre Análise do Comportamento e outras disciplinas?
2 – Diante do que foi exposto, qual a contribuição de pesquisas nesse sentido para o ensino de linguagem de sinais?
3 – Seria viável/possível uma “prática” escolar com base nos recursos da Análise Funcional do comportamento verbal que auxiliasse um melhor desenvolvimento da linguagem em crianças com desenvolvimento atípicos (agnosia, por exemplo)?


Bibliografia Básica
Normand, M. P., Machado, M. A., Hustyi, K. M., & Morley, A. J. (2011). Infant sign training and functional analysis. Journal of Applied Behavior Analysis, 44, 305-314.


Autores do resumo: Adriana Miranda, Amanda Calmon, Emivaldo Machado, Lara Rodrigues, Lívia Penha e Marina Soares.


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Neste quadrinho, o personagem principal emite comportamentos verbais não-vocais (isto é, fazendo uso da linguagem de sinais) à esposa e demonstra algumas das situações cotidianas de uma pessoa com problemas auditivos. Clique na imagem para vê-la em seu tamanho original.

Você pode também acessar a página do The Deaf Guy no Facebook para acessar esta e outras histórias em quadrinhos elaboradas a partir do cotidiano de uma pessoa surda.


31 comentários:

  1. O presente resumo muito me agradou por seu formato e informações adicionais, parabéns ao grupo responsável! Quanto ao artigo, me questiono sobre as diferenças entre as idades das crianças e a capacidade de aprendizagem de cada uma, além do poder reforçador de itens como comida (reforço primário) e chocalho (reforço secundário), pontos citados pelo autor e que podem ter influenciado nos resultados do estudo. Me surpreendeu o fato de o artigo abordar e estimular o ensino da linguagem de sinais para crianças não surdas, como forma de ampliar suas possibilidades de comunicação, e focando na análise funcional do comportamento, ponto importante não abordado no texto 1 e citado no final do texto 3, e que na minha opinião é o ponto central da análise do comportamento.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Skinner define comportamento verbal como o operante em que o reforço é mediado por outra pessoa. Um episódio verbal deve ser composto de um falante e um ouvinte que pertençam a mesma comunidade verbal. É interessante notar no texto, que os experimentadores inserem a criança em uma comunidade verbal em que a comunicação é feita por gestos, e a ensinam mandos que tem reforço mediado pelo experimentador.
    Neste texto, fica claro que a função do comportamento é central na compreensão da análise do comportamento, inclusive para a compreensão da comunicação. Como as definições não abordam aspectos estruturais e tipos de comunicação, os conceitos puderem facilmente ser aplicados para uma linguagem de sinais.
    O que chama a atenção no texto, e que possivelmente, pode abrir diálogo com as outras áreas é que as crianças aprenderam os gestos para se comunicar antes mesmo de aprenderem a emitir sons vocais que fiquem sob controle do ambiente. Quais podem ser as variáveis que permitem o controle operante verbal dos gestos antes mesmo do desenvolvimento da fala?

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  4. Interface entre os estudos sobre comportamento verbal e o ensino da língua de sinais é instigante. Primeiro porque traz atona definições sobre o comportamento verbal e, dentre outras coisas, coloca em discussão questões conhecidas como: os sinais, por não serem vocais, podem ser considerados comportamentos verbais?
    Dentro disso, o trabalho realizado no artigo com relação ao ensino de sinais por meio do experimento utilizado enfatiza importância do procedimento de modelagem do comportamento verbal. Reconhecidos certos tipos e respectivas funções de operantes verbais, fica mais claro compreender especificidade da contingência estabelecida, e isso fica muito claro na forma como eles executam as análises funcionais.

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  5. Esse artigo demonstra um exemplo de uma bem sucedida aplicação de conceitos básicos da Análise do Comportamento, levando em conta, como bem lembraram Flávia e Ítalo, as especificidades de uma boa análise funcional, é interessante notar a interface que a Análise do Comportamento pode ter com outras áreas do conhecimento como a da surdez, por exemplo, sendo fiel aos seus preceitos filosóficos, metodológicos e empíricos.

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  6. Concordo com a denominação de Skinner quando o mesmo coloca que a fala e os gestos são comportamentos verbais, e que essa aquisição será influenciados pelo ambiente no qual a criança está inserida, principalmente espelhando o impacto que seu comportamento verbal causa no seu ambiente, após sua emissão (reforço, bem como modelagem do comportamento verbal – oral e gestual).
    No texto fica claro, como o reforçamento para aquisição da linguagem gestual, facilitará o aprendizado de crianças com desenvolvimento típico, bem como nas de desenvolvimento atípico, pois a linguagem gestual facilitaria sua interação com o meio.
    Ricardo M. G. Rocha

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  7. Quando pensamos em comunicação oral, devemos nos atentar para o fato de que há uma diferença entre fala e linguagem, e que para ocorrer um comportamento verbal oral, não necessita ter uma fala perfeita (dicção fluente), apenas uma linguagem oral funcional. Segunda pesquisas a linguagem oral inicia-se por volta dos 7 a 9 meses, por meio de linguagem simples como pedido de algo (da), bem como indicações de familiares próximos (mama; papa). No texto acima, não fica claro se essas crianças adquiriram apenas o comportamento verbal/gestual, ou ambos, porém, se estando na fase de aquisição da oralidade, elas desenvolveram apenas a linguagem de sinais, a pergunta que faço é: Será que o incentivo da linguagem gestual, não acabou prejudicando / retardando a aquisição da oralidade nessas crianças?
    Cláudia Pietrobon

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    1. Antigamente, muitas pessoas achavam que o ensino de comunicação alternativa retardava a aquisição da linguagem oral. Com isso, foram feitas muitas pesquisas para tentar corroborar/refutar essa ideia. Estas demonstraram que o ensino de comunicação alternativa na verdade potencializa a aquisição da fala oral, sendo assim um ótimo caminho para ensino de comportamento verbal quando a criança tem dificuldade em vocalizar.

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  8. Olá, achei o resumo de vocês muito bom, e vos parabenizo pela didática. Porém, este artigo me pareceu pouquíssimo esclarecedor, porque nada me foi esclarecido sobre o aumento da eficiência na aquisição de uma nova habilidade verbal.
    Primeiro, questionando o próprio conceito de reforço: o que é mesmo um reforço? Como dizer que ele “premia” a criança, se não sabemos NADA sobre os seus “gostos”? Foi dito que os cuidadores das crianças sugeriram estes reforços, mas eles sabem mesmo o que é um “reforço” para cada uma delas (sem uma pesquisa sistemática em diferentes condições)? O reforço não deixaria de ser um reforço numa condição diferente (por ex. diante dos testes)? Sei que primatas e golfinhos podem negar em absoluto o seu alimento preferido se irritados com o experimentador/treinador.
    Ou seja, o suposto reforço pode ter um significado inverso em outro contexto, e para um etólogo, o CONTEXTO É TUDO. Como saber então se o reforço é mesmo algo querido (um “incentivo”, na linguagem da micro-economia)? Como saber se houve qualquer influência de reforço, se NÃO SABEMOS O QUE É UM REFORÇO? (no caso de reforço com alimento, como no molho de maçã, o grau de fome da criança muda tudo!).
    Resumido, se não for possível definir um reforçador, este conceito não será nunca um “chão firme” para iniciar uma pesquisa... e assim, a aquisição de uma habilidade pode nada ter haver com um reforço – pode ser uma iniciativa independente da criança (por que não?). Todas as 3 crianças podem ter uma “vontade” de aprender esta nova habilidade verbal (mesmo não sendo surdas). Quem sabe, se fossem tirados estes tais “reforços”, a criança não aprenderia ainda mais depressa, uma vez que o reforço pode ser um “prêmio irritante” (afinal, muitos julgam irritante fazer uma tarefa apenas para ganhar algo em troca). O que dizer do interesse por aprender uma habilidade por um benefício de longo-prazo (afinal, o reforço é um benefício de curto prazo). Sei que a nossa cognição é capaz de avaliar cenários futuros – por que não considerar isso? O que dizem os behavioristas sobre as iniciativas solitárias para aprender algo novo, sem qualquer reforço em jogo? Assim, não vejo nesta pesquisa, nenhum esclarecimento sobre as questões básica da natureza da comunicação.
    Outro questionamento talvez fatal para esta pesquisa é que não obtivemos um grupo controle (uma amostra testada sem o suposto reforço). Se as mesmas crianças foram testadas, vamos comparar a eficiência deste método com o que??? Que generalização podemos fazer com este teste? Nenhuma, ao meu ver.
    Acho que apenas um novo estudo, baseado apenas na linha de “janelas de aprendizagem” (“imprinting” de Lorenz), e da comunicação e linguagem como uma habilidade inata (ver por ex. Noam Chomsky, que desde 1959 publicou “A Review on Skinner's Verbal Behaviour” uma considerável crítica a Skinner), nos daria uma certeza no aumento da eficiência da aquisição de uma nova habilidade verbal.

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    1. Olá Saul! Seus questionamentos são muito valiosos. Vou tentar te ajudar com o seguinte argumento:
      Você só sabe se algo é reforçador quando o que acontece depois da emissão de um comportamento produzir efeitos neste comportamento. Muitas vezes as pessoas usam coisas arbitrárias pra gratificar ou punir outras pessoas, mas não se sabe o real efeito que um evento terá sobre o comportamento antes de inserir ou retirar tal evento. Por isso não se pode dizer que algo é um reforço antes de observar seus efeitos sobre um comportamento alvo.
      Neste sentido um reforço pode ser definido como tal apenas quando se observa alterações no comportamento que o produziu.
      O que achou? Abraço!

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    2. Saul, é importante entender que tudo que fazemos (nossos comportamentos) é permeado por nossa motivação, e pode entender motivação no sentido do senso comum mesmo. Então, para todos nós existem coisas que nos motivam para que emitamos comportamentos.Nada é reforçador nem motivador a priori, nem mesmo reforços primários como água e comida, precisamos estar em privação para que se torne algo reforçador. Quando se faz pesquisa, e até mesmo na área clínica, se faz um levantamento de reforçadores para cada indivíduo, inclusive existe instrumentos para isso. É sempre bom você ter "planos Bs" para reforçadores, porque você tem razão quando fala que o contexto é tudo. Naquele contexto da pesquisa aqueles reforçadores estavam sendo efetivos, e podemos afirmar isso ao ver a emissão do comportamento da criança acontecendo a partir daquele reforço. Mas isso não significa que aquele reforço vai sempre funcionar nem em qualquer situação.
      Reforço não necessariamente é algo bom, mas apenas algo que altera a probabilidade de um comportamento acontecer, por exemplo, o comportamento de birra de uma criança pode estar sendo reforçado pela bronca da mãe. Para se saber o que reforça ou não reforça o comportamento é importante se fazer uma análise funcional, ou seja, analisar o contexto em que aquele comportamento acontece e em que contexto não acontece, descrever a resposta que você está analisando, observar as consequências diretas daquele comportamento, a motivação do sujeito, sua história de vida. E testar, sempre estaremos testando nossas hipóteses, não afirmamos nada sem antes fazermos uma manipulação de variáveis.
      Quando você fala em retirar os reforços, para nós analistas do comportamento, o que você está dizendo é retirar os reforços arbitrários e deixar a criança em contato direto com reforço natural. Isso não é um problema em si, pois nossa intenção é justamente que a criança fique sensível ao ambiente natural no qual está inserida. Mas em um contexto de pesquisa, e até clínico, temos que trabalhar com os reforços mais potentes naquele momento, e as vezes os arbitrários, naquele momento, são os mais indicados. E até mesmo a sensibilidade ao reforço natural também pode ser ensinada, existem crianças que não são sensíveis ao reforço social, existindo formas de ensiná-la a estar sensível a isso. A ideia, em um contexto de ensino, é ir passando do reforço arbitrário para o natural, Mas repito, em um contexto de pesquisa muitas vezes precisamos usar a arma mais forte que temos para que o indivíduo esteja muito motivado. Para você, a motivação de ir a praia pode ser porque você está querendo encontrar os amigos, e para mim porque quero comer caranguejo. Você poderia dizer que o meu seria reforço primário por ser alimento e por isso ser mais natural? Ou você pode dizer que encontrar os amigos é mais natural. A questão da naturalidade do reforço também é relativa, e temos que ter cuidado para não confundir natural, com arbitrário, primário, secundário, etc.
      Em relação a se comportar por benefícios a longo prazo seria uma outra discussão que podemos ter depois também.
      E sobre iniciativas/criatividade também temos um arcabouço teórico sobre isso, e temos como "reforçar" comportamentos com benefícios a longo prazo.
      Em relação a ter grupo controle ou não, ai você entraria na discussão de metodologias de pesquisa. Não necessariamente pesquisa com grupos é melhor ou pior que com sujeitos únicos. Primamos por comparar o sujeito com ele mesmo, mas acho que aqui caberia uma outra mega discussão.
      Enfim, espero que eu tenha ajudado na compreensão conceitual do Behaviorismo Radical, muitas vezes espalhado pela academia de maneira errônea, causando esse tipo de dúvidas e críticas que você levantou. ;)

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    3. Olá, Saul. Sobre a ausência de Grupo Controle, é uma questão de metodologia. Este experimento utiliza uma análise intra-sujeito, ou seja, compara cada sujeito apenas com ele mesmo. Desta maneira, não é necessário o uso de Grupo Controle, e isto não diminui a validade do estudo. Na verdade, traz até mesmo vantagens visto que controla possíveis vieses, como as diferentes histórias de vida de cada participante (visto que para o Behaviorismo a interação com o meio é um fator de suma importância para seu repertório comportamental). Para esta análise é necessário que cada sujeito passe por diferentes condições, neste caso nomeadas "Linha de Base" e "Treino de Sinais" (que estão otimamente explicadas na tabela 2 do resumo) sucessivas vezes, e comparar a diferenças entre seus dados, que serão atribuídas à diferença entre às condições. No caso, o reforço durante a Linha de Base não é contingente à emissão do sinal, mas no Treino de Sinais é. Lembre-se, não é o fato de existir liberação de reforço na Linha de Base que implica na resposta ser reforçada, para o behaviorismo o importante é a interação. Como pode ser observado nas Figuras 1, 2 e 3 do estudo, a Frequência de Sinais Indepententes (sem ajuda dos experimentadores) durante as diferentes Linhas de Base sempre se reduzem à zero, enquanto nos Treinos de Sinais aumentam cada vez mais. Desta maneira, é possível atribuir a eficácia do controle dos reforçadores contingentes à resposta-alvo. Agora, uma possível crítica ao estudo é não explicitar nos resultados se os reforços liberados durante as Linhas de Base (com exceção da primeira em que não houve resposta alvo) não acabaram por coincidir com a emissão de respostas alvos, sendo desta maneira contíguos (mas ainda assim, não contingentes), podendo levar ao comportamento supersticioso (visto no texto 3).
      Ps.: Tentei responder seu comentário anteriormente, mas acredito que a postagem não deu certo. Caso apareça outro comentário semelhante a este, favor desconsiderar.

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    4. Olá Saul, vejo sua crítica a respeito da ausência de grupo controle como bem pontual. Apesar de ser parte da forma com que o experimento foi construído, faltam informações acerca de possíveis "predições" que possam ocorrer caso análises de variância entre-sujeitos possam vir a ocorrer. O próprio Behaviorismo nos diz que as interações entre sujeito e ambiente são essenciais para se conhecer mais sobre o comportamento. E ainda assim, pouco (ou nada) compreende (ao menos probabilisticamente) sobre essa interação? A retirada de vieses torna-se impossível a depender do ponto de vista que se toma acerca de um fenômeno. Em Psicometria, por exemplo, existe uma teoria que visa exatamente esclarecer as diferenças individuais e as fontes de erros associadas aos escores/desempenhos/rendimentos em determinadas tarefas. Essa teoria chama-se Teoria da Generalizabilidade (ou "Teoria G"). Essa teoria tenta responder coisas como: "Porque algumas pessoas aprendem mais que outras?", "Em que lugar podemos encontrar os 'motivos' para tais distorções estatísticas?" Ainda é interessante notar que mesmo que se fale muito em "magnitude" do reforço, não existe uma análise para comparar o "quanto cada reforço" pode ser responsável pela aquisição/repetição de um novo comportamento,
      Um abraço!

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  9. Olá Pessoal!
    O resumo ficou excelente. Muito bom terem colocado as tabelas.
    Tentando responder as questões finais, quis articular da seguinte forma:

    1) O “ponto de encontro” é a forma mais elegante de englobar diversas áreas do conhecimento humano com suas respectivas linhas filosóficas e culturas científicas. Sim, é possível, mas sabemos que um analista do comportamento não dará atenção especial para os fatores biológicos do aparato fonador ou gestual dos organismos, não porque eles não sejam importantes ou não existam, mas porque tais fatores, sozinhos, não são suficientes para explicar o contexto (interação entre eventos) mantenedor dos comportamentos necessários para a comunicação. “Interação” é uma palavra que não podemos esquecer!

    2) Oferecer condição para que os métodos de ensino tenham uma visão interacionista das variáveis responsáveis pela comunicação das pessoas.

    3) Sim. Para isso é preciso, mais uma vez, acolher o fenômeno do desenvolvimento atípico de forma interacionista, ou seja, todas as variáveis existentes na aquisição e manutenção de comportamentos verbais atípicos devem ser cuidadosamente analisadas para que os programas de aprendizados sejam mais eficazes.

    P.S.: A última frase do parágrafo 5 não ficou clara, acho que faltam palavras.

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  10. Gostei muito da reflexão Claudia sobre a possibilidade do incentivo da linguagem gestual poder ser prejudicial para a aquisição da oralidade. Até que ponto pode facilitar ou comprometer, já que o gestual é mais fácil e estamos falando de crianças com audição normal. Penso que a substituição da fala por gesto pode ser perigosa para o desenvolvimento da oralidade, mas sendo apresentados juntos (fala e gesto) poderia facilitar e até ampliar a capacidade de comunicação.

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    1. Difícil vai ser definir a primeira língua e a segunda lingua, rs... quanto ao desenvolvimento da oralidade de filhos com país surdos, pode demorar, mas é comum em famílias assim o filho utilizar libras em casa e oralidade fora de casa, o tempo em si vai depender da exposição da criança a estímulos fonéticos. Julio Alves

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  11. A avaliação funcional do comportamento verbal nos dá ferramentas teóricas para compreender e explicar o processo de aquisição desse comportamento e, portanto, respaldo para uma intervenção que possibilite uma modificação de comportamento. Isso é, podemos criar contextos que favoreçam a ocorrência de episódios verbais. O foco sempre na RELAÇÃO, na INTERAÇÃO organismo e ambiente é que nos possibilita tais intervenções.
    Por esse motivo, acredito que as pesquisas sob o enfoque analítico-comportamental contribuem e muito para o ensino de linguagem de sinais.

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  12. Gostei muito do resumo, principalmente das tabelas!
    Acrescento a relevância da pesquisa na demonstração da eficácia do uso de princípios básicos da análise do comportamento na aquisição de comportamento verbal (independentemente de qual seja sua topografia). Além dos já citados pelos meus colegas, vejo como de suma importância ao experimento em questão o esvanecimento (fading out) das dicas (prompts). Este procedimento é de extrema eficácia na aquisição de novas respostas pois economiza tempo (facilita a emissão de uma resposta nunca emitida) para possibilitar o seu reforço imediato (como bem demonstrado no texto, embora não tenha sido seu foco). Além disto, diversas pesquisas têm demonstrado sua vantagem em evitar consequências aversivas (ex: não conseguir emitir o comportamento esperado) que comumente são associadas à tarefa que às exigem, podendo facilmente levar à auto-regras negativas (ex: "não sou capaz") e condicionamento respondente de estímulos aversivos que levam à fuga ou esquiva da tarefa que anteriormente não eliciava nenhuma resposta.
    No mais, adorei a tirinha que utilizaram como ilustração!
    Parabéns, ao grupo!
    *para saber mais sobre esvanecimento, pesquisar sobre "aprendizagem sem erros".

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  13. Quero parabenizar o grupo pela clareza do resumo e pela exposição da tabela que facilitou muito a compreensão das funções que o comportamento verbal pode ter. Achei muito interessante um texto que mostra a utilização da modelagem como uma possibilidade da aquisição da linguagem de sinais, isso porque eu não conhecia nenhum experimento que falasse sobre a aquisição desse tipo de linguagem. Creio que a maioria das pessoas que leem esse blog, assim como eu, não conhecem e nem tem a possibilidade de acesso a esse tipo de conhecimento e fico feliz pela oportunidade de conhecer um pouco mais a respeito da linguagem de sinais e principalmente de alguns princípios da Análise do Comportamento sendo aplicados a aquisição dessa linguagem. Fiquei somente com uma dúvida e caso alguém conheça algum texto que fale a respeito, ficarei grata pela sugestão; Um experimento como esse poderia ser aplicado em crianças com desenvolvimento atípico e como seriam os resultados? Isso porque atendo crianças autistas e mesmo conhecendo as funções do comportamento verbal, a modelagem desses comportamentos frequentemente exige muito do profissional e da criança envolvida nesse processo de aquisição da linguagem.

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  14. Este comentário foi removido pelo autor.

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  15. Acredito que um possível encontro entre áreas seja no que diz respeito à preparação mínima de cada organismo acrescentando ou decrescendo a aprendizagem. É perceptível por meio do artigo que a aquisição de uma linguagem de sinais anterior ou concomitante à aprendizagem vocalizada pode permitir aos indivíduos uma potencialização de seu comportamento verbal, assim como podemos concluir que uma cultura menos excludente. A refinação de gesticulação surge anterior e mais intensamente que a verbal vocalizada e treiná-la pode permitir a generalização dos processos de mando, tato e ecóico, analogicamente falando poderia botar para funcionar uma ferramenta inerte que é a comunicação gestual, pouco explorada pelos pais ouvintes de filhos ouvintes. O artigo revela um encontro entre análises funcionais e metologia de educação com muito potencial agregador, pois o comportamento acontece no e é modificado pelo ambiente, o que gera uma infinidade de possibilidades de aplicação de conceitos comportamentais.

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  16. O contato com estímulos sensoriais é especialmente importante no desenvolvimento da linguagem (e.g. a fala dos pais é um referencial para uma criança, que em dado momento fará comparações entre sua linguagem e àquela ouvida). Nesse sentido, o trabalho de Normand e colaboradores é interessante por utilizar uma metodologia que pode ser útil no contexto das relações de linguagem entre pais e filhos, como mencionado nas discussões em sala com o prof. Domingos.

    Ao trabalhar com o ensino de linguagem de sinais para crianças com desenvolvimento típico, podemos vislumbrar a aplicação disso para melhorar a comunicação de crianças que ainda não desenvolveram a fala plenamente. Ou seja, crianças que ainda não falam poderiam utilizar sinais para comunicar aos pais aquilo que estão sentindo, como fome por exemplo. Outra perspectiva, mencionada no próprio texto, é a de usar essa metolodogia como ferramenta para estudar a aquisição de linguagem. Uma maior compreensão disso poderia orientar pais ouvintes com filhos surdos a fornecer um ambiente de desenvolvimento mais estimulante a seus filhos, através do uso de sinais cotidianamente.

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  17. Primeiramente gostaria de parabenizar o grupo pela forma de organização das idéias e a criatividade, adicionando ao resumo algumas reflexões iniciais para ajudar na discussão do time, ter agregado termos bem cotidianos para quem não é da área de Análise do Comportamento, além da citação do site The Deaf Guy com cartoons e outras idéias sobre o universo da surdez (que eu particularmente pouco conheço).
    Ao meu ver, o artigo não tem a pretensão conclusiva sobre o assunto mas sim de abrir novas discussões e possibilidades sobre ele. Algumas dessas possibilidades são inclusive descritas como limitações durante o próprio experimento, dentre elas a verificação do grau em que outros operantes verbais poderiam ser estabelecidos (pois no estudo mencionado os sinais foram ensinados apenas nas condições do “mando”), assim como variáveis de controle como a “privação de alimento”, que não foi rigorosamente controlada durante o experimento, mas que certamente contribui no reforçamento do comportamento-alvo.

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  18. O resumo ficou muito bom do ponto de vista conceitual e visual. Nele aprendi como os behavioristas enxergam questões básicas acerca do que rege o comportamento verbal (certamente, devem existir outras instâncias ou modalidade de comportamento verbal).
    Quanto ao texto em si, duas coisas não ficaram totalmente claras:

    1) Em que situação/momento posso dizer que a apresentação de uma determinada 'consquencia' torna-se reforçadora para o comportamento do participante?
    2) Até que momento um 'sinal' vai servir como tato ou mando? P.ex.: Em todos os momentos 'solicitar comida' vai servir como 'mando', ou pode servir como 'ecóico', pelo fato de a criança enxergar pessoas fazendo isso e possuir a mesma função? Ainda, se aponto para a comida e solicito a mesma, pode estar ocorrendo porque alguém realizou esse comportamento anteriormente, sendo uma simples imitação do que o sujeito viu?
    Caso não consiga ter ficado claro minha posição: não é possível que um comportamento de mando seja confundido com um ecóico?
    Obrigado!

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    1. Onde escrevi tato na segunda pergunta, favor ler 'ecóico'.

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  19. O Resumo ficou claro e objetivo, aprendi mais com sua leitura que com a leitura do próprio texto. Na minha visão a pesquisa em questão não responde todas as questões e não pode oferecer uma solução razoável para o que se propõe sem a associação de ciências humanas afins ao assunto pesquisado. A interação com outras especialidades não é só útil mas necessária para alcançar respostas de relevância. Outro fator a ser considerado, dadas as possibilidades de erros e interpretações do comportamento humano, é o valor do contexto e contingências aplicadas. O contexto é determinante para a avaliação deste ou daquele resultado, mesmo sob a perspectiva específica da comunicação verbal funcional de mando, tato e imitação proposta por Skinner. Se considerarmos a realidade de que o estímulo tem seu valor/impacto comprometido se o organismo não está sob privação é coerente questionar se os estímulos oferecidos na pesquisa em questão são as melhores opções para os objetivos pretendidos, dada a dificuldade de interpretar se os organismos assim o percebiam. As escolhas, mesmo reforçada na repetição das fases subsequentes do experimento, não conseguem explicar todo o comportamento envolvido, mas podem, com certeza, fundamentar novas pesquisas para a evolução da compreensão do aprendizado da linguagem de sinais , no contexto da comunicação verbal e sua análise funcional.

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  20. Primeiro parabéns ao grupo pelo resumo, ficou bem claro e em uma linguagem acessível.
    O texto é muito interessante contribui para pesquisas na área de comportamento verbal. Como dito pelos colegas, um ponto muito importante do texto foi escolher como participantes que crianças que tinham um desenvolvimento típico, pois, como essas crianças ainda não possuem o domínio na linguagem oral aprender sinais facilitaria a comunicação na comunidade verbal.
    Quanto a metodologia achei adequada, não tenho críticas a fazer a respeito do procedimento, acho aliás, que seria um método muito interessante para adotar em escolas com crianças pré-verbais.

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  21. Imagine nossos ancestrais perambulando nas savanas e emitindo sons e espantando as presas ou sendo facilmente identificados por outros predadores! pouco adaptável, não é mesmo ? Agora imagine estes individuos se comunicando com gestos e desenhos especificos para determinados contextos: presas, predadores, outros grupos semelhantes etc. Acompanhando indios em caçadas pela floresta percebemos a importância do silencio na mata, pequenos gestos com a mão, olhos ou simplesmente corpo congelar-se diante de algum barulho na mata. Talvez, sinais tenham precedido evolutivamente a fala tal como a conhecemos. Por isso, gestos e expressões e sinais tais como aqueles utilizados pelos surdos sejam tão prevalentes. em grupos humanos.

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  22. Achei a diferença de idade e o numero de sujeitos envolvidos variáveis que poderiam ter sido melhoradas (esse olhar depende das convicções do pesquisador) em algumas linhas de pesquisa o estudo com um individuo é bem aceitável, outras não, entretanto acredito que tais ausências não invalidem a pesquisa e até ajudem a incentivar novas pesquisas com maior numero de sujeitos e padronização.
    Julio Alves

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  23. Quanto aos avanços da psicologia nessa temática, me pergunto se existem diferenças quanto ao lidar com as emoções de um surdo e um não surdo? Pergunto pois, a cultural e a maneira de lidar com as situações estão intimamente relacionadas a língua.

    A maneira como lidamos com a morte, sofrimento e até mesmo a alegria, de alguma forma são representações de estados internos e manifestações cerebrais mediante estímulos externos, não sei se seria adequado traçar uma linearidade, mas antes uma interação, onde eventos no ambiente vão afetar minha maneira de me comportar, de sentir e de me comunicar e consequentemente resultar em alguma mudança no outro... a comunicação seja por sinais ou sonidos é o condutor de boa parte desse processo, então talvez utilizar sonidos ou gestos, influenciem na maneira como interajo com o mundo.
    Julio Alves

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