ELLIOTT. R.T; ADEPOJU. A. A. First
Language Words as Extra Stimulus Prompts in Learning Second Language
Vocabulary. IRAL
- International Review of Applied Linguistics in Language Teaching. Volume
35, Pages 237–250, 1997
O uso de imagens como lembrete pode causar interferência e bloqueio na aprendizagem de língua. A apresentação da palavra na primeira língua (PL) e depois seu equivalente na segunda língua (SL), forma pares de associação. Entende-se por bloqueio, o fenômeno em que a aquisição de resposta a um novo estímulo (no caso a palavra numa segunda língua) é severamente impedida por ter sido apresentada junto a um estímulo previamente treinado. A forte associação entre a primeira língua e seu significado pode se apresentar como um "gatilho" ou predição automática do significado da segunda língua. Neste caso respostas corretas ocorrem quando pares de associação são apresentados juntos, mas quando a palavra é apresentada sozinha na segunda língua, pouca resposta ou condicionamento podem ocorrer.
Este estudo analisou interferências e/ou bloqueios no ensino
de uma segunda língua através de dois procedimentos: o intervalado,
apresentação de palavras na Primeira Língua (Inglês) e na Segunda Língua
(Francês) em sucessão ou com algum intervalo entre os dois estímulos; e o de
inversão, que consiste em mudança da
posição da apresentação do estímulo condicionado (Primeira Língua) e não
condicionado (Segunda Língua), em vez de apresentar primeiramente a palavra na
primeira (PL) e posteriormente na segunda língua (SL). A inversão força o aluno
a perceber o novo estímulo primeiro, aumentando sua força associativa.
Apresentações espaçadas propõem que o indivíduo alterna a atenção entre
estímulos o que, muitas vezes, diminui a capacidade de realizar atividades,
proporcionando uma competição, o sucesso em uma das tarefas tende a ser
associado à falha na outra. Desta forma, separadamente elas têm melhor
resultado do que em conjunto. Os dois princípios podem ser aplicados para
reduzir a interferência que a primeira língua pode ter na tradução equivalente
da segunda. De acordo com os experimentos a interferência da primeira língua
ocorre no método convencional de apresentação, enquanto o espaçamento e a
inversão da apresentação melhora o desempenho geral dos alunos.
Método
Dezesseis
crianças de sete anos, foram selecionadas em uma escola da Austrália, todas
sabiam falar e ler em Inglês (PL) e não sabiam falar em Francês (SL) ou
reconhecer qualquer palavra usada na pesquisa para estimular o Francês (SL). Vinte
substantivos concretos foram selecionados e apresentados nas duas línguas de
estudo se tratando de palavras de uso diário. A pesquisa foi realizada em uma
sala de aula ser interferências do ambiente externo.
Foram realizadas quatro condições experimentais:
Condição A
- Foram apresentados cinco cartões contendo as palavras do mesmo significado nas
duas línguas, sendo a PL seguindo da SL. O examinador não apresentava o
significado da palavra.
Condição B
- Foram utilizados dez cartões, sendo que cinco continham uma palavra na PL e
cinco continham a palavra correlativa na SL. Primeiro foi apresentado uma
palavra na PL, retirava o estimulo e após intervalo de 5 segundos apresentava a
correlativa na SL. O examinador não apresentava o significado da palavra.
Condição C
- Foram apresentados cinco cartões contendo as palavras do mesmo significado nas
duas línguas, sendo a SL seguida da PL. O examinador apresentava o significado
da palavra.
Condição D
- Foram utilizados dez cartões, sendo que cinco continham uma palavra na SL e cinco
continham a palavra correlativa na PL. Primeiro foi apresentado uma palavra na
SL retirava-se o estimulo e após intervalo de 5 segundos apresentava a
correlativa na PL. O examinador apresentava o significado da palavra.
Em
todas as condições citadas, quando a criança acertava, o examinador reforçava
com um “muito bem”, quando isso não ocorria o examinador apresentava a resposta
e solicitava que a criança repetisse por duas vezes na SL.
A
pesquisa foi dividida em três fases. A primeira chamada de PRÉ-TESTE constituiu-se
na apresentação das palavras na duas línguas para todas as crianças, com o
objetivo de assegurar que elas conheciam todas as palavras da pesquisa em
Inglês (PL) e assegurar que elas desconheciam as palavras em Francês (SL). Após
essa etapa, iniciou-se a fase de TESTE E APRENDIZAGEM, onde foi realizado com
as crianças selecionadas a apresentação randômica de vinte palavras
correlativas PL/SL, por quantas vezes necessárias até ser adquirido o
aprendizado. Ao Final foi realizado um PÓS-TESTE para garantir que as crianças
realmente sabiam as vinte palavras ao final da pesquisa.
Resultados:
A
aprendizagem foi mensurada de acordo com a proporção de respostas corretas com
significado das palavras durante os testes. As proporções foram calculadas de
acordo com o números de respostas corretas com base no critério de três acertos
consecutivos para todas as cinco palavras em, pelo menos, uma das condições
experimentais.
De
acordo com a pesquisa (ver Figura 1), a taxa de acertos para as duas condições (B
e D), onde a exposição das palavras correlativas era separada por intervalo
apresentou uma diferença significativa, indicando maior taxa de aprendizagem em
comparação com o desempenho das apresentações das palavras correlativas
simultâneas (A e C). A análise estatística também mostrou que houve uma significativa
taxa de respostas corretas quando se apresentou as palavras na ordem inversa
(SL/PL), em relação a ordem convencional (PL/SL). (Figura 1).
Discussão:
Os
resultados mostram que ocorre bloqueio no aprendizado da segunda língua quando
se utiliza o método de tradução, emparelhando a primeira com a segunda língua.
Tal metodologia consiste na utilizada por professores de línguas.
O
bloqueio ocorre pelo controle exercido por parte da primeira língua, a qual
consiste na associação mais forte. Tentar compreender o presente fenômeno a
partir da Análise do Comportamento seria considerar a primeira língua como
estímulo condicionado de primeira ordem, enquanto a segunda língua seria um
estímulo condicionado de segunda ordem, de modo que a força do primeiro
estímulo para eliciação de respostas seria maior que do segundo.
Os
resultados também mostram que o intervalo entre os estímulos contribui com o
aprendizado, de modo a evitar o bloqueio. Tal compreensão faz sentido uma vez
que proporcionar um intervalo poderia evitar a prevalência do controle da
primeira língua, de modo que retirar o intervalo reduz a oportunidade para que
o estímulo da segunda língua exercesse seu papel.
Outra
possibilidade de evitar o bloqueio, seria primeiramente apresentar a segunda
língua, o que também evitaria o controle exercido pela primeira língua.
Trata-se do procedimento de ordem invertida.
Dessa
maneira, tanto o intervalo entre os estímulos, quanto o procedimento de ordem
invertida podem neutralizar a ocorrência do efeito bloqueador no aprendizado da
segunda língua.
*Resumo elaborado por: Bárbara
Britto, Cláudia Pietrobon, Larice F. Costa, Michelle Lima, Ricardo M. G. Rocha,
Rogério Neiva.
O texto, apesar de simples fornece duas informações importantes: que o método mais adotado para ensino de uma segunda língua e que a apresentação simultânea de estímulos muitas vezes podem favorecer bloqueio, de modo que o experimento espera comprovar que o uso da inversão e do intervalo entre os estímulos podem favorecer o aprendizado do segundo idioma. O autor defende a idéia de aprendizagem por associação (pareamento de estímulos).
ResponderExcluirBárbara Britto
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAchei o texto bastante interessante por fazer uma análise do ensino/aprendizagem de uma segunda língua, focando na possibilidade de um bloqueio aprendizagem a partir do modelo tradicional, ou seja, do método de tradução (emparelhando da primeira com a segunda língua). Este é um método utilizado até hoje no ensino de uma segunda língua. A divulgação desta pesquisa pode favorecer o ensino/aprendizagem e viabilizar novas estratégias de aquisição da nova informação.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirInteressante observar na leitura desse artigo como muitas “escolas de línguas” deveriam repensar sobre a didática do ensino convencional da aquisição de novos idiomas (aquele que apresenta as palavras homólogas em primeira e segunda língua simultaneamente), já que no mesmo, após a pesquisa o autor concluiu que o espaçamento dos dois estímulos, bem como a inversão do paradigma para a apresentação da Segunda Língua e após a apresentação Primeira Língua, são abordagens que podem levar uma aprendizagem mais rápida de significados da Segunda Língua se adotada como método de ensino. Sendo assim a meu ver, ao verificar o artigo, principalmente os resultados, o ensino convencional estimula mais o bloqueio do que a aquisição da Segunda Língua em si.
ResponderExcluirCláudia Ap. Pietrobon
Esse artigo é excelente, principalmente após observar o gráfico dos resultados onde demostra a discrepância entre a fórmula didática dos ensinos de língua atual para a proporção no paradigma totalmente inverso. Porém, tal artigo, serve apenas como um direcionamento, pois demostra como a apreciação inicial da palavra na Primeira Língua ou ela simultaneamente a Segunda Língua provoca o bloqueio da aprendizagem da Segunda Língua. Mas é inviável a idéia de ensinar uma segunda língua através de palavras isoladas, pois acarretaria um tempo de ensino muito extenso ou a necessidade de um contato com essa Segunda Língua, desde a infância.
ResponderExcluirAcredito que seria interessante elaborar um método de ensino de uma Segunda Língua, BASEADO nas informações contidas nessa pesquisa, contudo que seja aplicável didaticamente para pessoas de qualquer idade, buscando evitar o bloqueio.
Ricardo M. G. Rocha
Na análise do comportamento, são considerados dois processos de aprendizagem diferentes: o condicionamento respondente e o condicionamento operante. No condicionamento respondente, há o pareamento entre um estímulo incondicionado com um estímulo neutro. Caso a probabilidade de ocorrência do estímulo incondicionado seja maior na presença do estímulo neutro, este estímulo exercerá as mesmas funções que o estímulo incondicionado e, portanto, eliciará uma resposta (semelhante a resposta que eliciada pelo estímulo incondicionado). Por isso, o que define o condicionamento respondente é a relação de dependência entre os estímulos. No condicionamento operante, há uma relação de dependência entre a resposta do organismo e evento posterior. Caso este evento seja mais provável de acontecer quando acontece a resposta há uma relação de contingência entre resposta e consequência.
ResponderExcluirÉ cada vez mais notável na Análise do Comportamento que a distinção entre esses dois processos não pode ser feita pelo tipo de resposta. Tanto respostas esqueléticas, quanto glandulares ou viscerais podem ficar sobre controle de estímulos respondente ou controle das consequências produzidas.
Em sala de aula foi levantado se poderíamos considerar a primeira língua como um estímulo incondicionado, tendo em vista que a linguagem é adquirida por meio de controle operante e cultural, da mesma forma que uma segunda língua. Acredito que o arito estaria correto em chamar a primeira língua de estímulo incondicionado, caso tivesse utilizado um procedimento de condicionamento respondente. No entanto, em todas as condições houve consequências programadas para as respostas das crianças. Portanto foi estabelecido um controle pela s consequências, o que caracteriza o condicionamento operante.
Apesar disso, o artigo é relevante no sentido de mostrar que o fenômeno de blocking, tradicionalmente estudada na literatura de condicionamento respondente, também pode acontecer no condicionamento operante e, portanto, deve ser considerado em situações de aprendizagem em que um estímulo novo será apresentado junto a um estímulo que já recebeu treino previamente.
Flávia Hauck
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirConcordo contigo Flávia, talvez a maior confusão esteja na diferenciação entre processo e procedimento, e que uma relação S-S (estímulo-estímulo) não necessariamente é respondente, como neste artigo em que os estímulos exercem função discriminativa para consequências programadas.
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirO processo de aprendizado passa por três fases: Aquisição, Retenção e Aplicação. A associação é o procedimento básico no ensino de uma nova língua e por isso mesmo o repertório do organismo é central para o sucesso do processo. A conclusão do estudo em discussão demonstra que a apresentação do estímulo na segunda língua com intervalo para a resposta (o que permite e privilegia a associação) antes da primeira língua pode facilitar a absorção e entendimento da nova informação pelo aprendiz.
ResponderExcluirO artigo traz um método de investigação da aquisição de uma nova língua: descreve um contexto em que um sujeito, que já possui habilidade para lidar com o esquema conceitual da primeira língua, ou da língua mãe, passa a ser exposto a um novo grupo de estímulos relacionados a um segundo idioma.
ResponderExcluirO que garante ou o que facilita esse processo de aprendizagem? Como destacado pela Flávia, o texto aborda o efeito de bloqueio (blocking) em um procedimento experimental operante, muito embora a descrição dos autores seja de um delineamento respondente. Isso se deve ao fato de que o controle de contingências é operante, mesmo que o controle discriminativo seja o de maior ênfase na pesquisa.
Eles conseguem demonstrar que o atraso e a inversão da ordem de apresentação dos estímulos modelos pode ser fundamental para minar o efeito de bloqueio exercido pelo controle verbal, tal como demonstrado nos gráficos.
O resumo apresentado pelo grupo foi bastante claro em elucidar a metodologia e a discussão apresentada pelo autor. O estudo tem bastante relevância, ainda para os dias de hoje, para compreender alguns problemas (ou bloqueios) principalmente nos processos de ensino e aprendizagem. Ele demonstra como mesmo a simples realização de um condicionamento – por mais estudos que demonstram a sua utilidade e sua ocorrência – deve ser compreendido de maneira mais completa. Os comportamentos estão sujeitos a inúmeras variáveis que determinam a sua ocorrência (ou não) e o autor traz para o campo da aprendizagem algumas que podem estar envolvidas no processo de ensino. Tem ainda bastante importância por problematizar a metodologia de ensino, propondo uma análise das variáveis ambientais sem recorrer a suposições e explicações baseadas em “eventos mentais” (aspectos meramente cognitivos da criança, por exemplo, que poderiam ser utilizados como “justificativa” para a não-aprendizagem, como “falta de inteligência” da criança ou algum déficit cognitivo).
ResponderExcluirÉ importante ressaltar que para o Bahaviorismo Radical, pensamentos e eventos privados também são objetos de estudo. Eventos privados são estímulos e respostas cuja diferença dos eventos públicos está apenas em sua acessibilidade – isto é, eles são inacessíveis à observação direta. Tanto eventos privados quanto os públicos tem a mesma natureza, são eventos comportamentais e físicos, passíveis de estudo científico, podendo ser descritos por leis científicas. Já "eventos mentais", são eventos de natureza metafísica – isto é, pertencem à natureza diferente dos eventos públicos e possuem propriedades diferentes.
Também é importante ressaltar que o Behaviorismo Radical (filosofia da Análise do Comportamento) propõe um modelo selecionista para explicar a ocorrência dos comportamentos; Os comportamentos são selecionados de acordo com suas consequências: (a) para a história da espécie (seleção filogenética); (b) para a história do indivíduo (seleção ontogenética) e (c) para a história do grupo (seleção cultural), não ignorando, assim aspectos biológicos da espécie e do indivíduo.
O ponto-chave desse artigo é a demonstração que bloqueio (fenômeno no qual a aquisição de resposta a um novo estímulo é prejudicada por um estímulo previamente treinado) pode acontecer no contexto de aprendizado de uma segunda língua.
ResponderExcluirPara lidar com esse problema foram utilizadas abordagens alternativas para apresentação de estímulos (nesse caso, palavras em inglês e francês) que mostraram-se promissoras em neutralizar esse efeito de bloqueio.
A perspectiva mais interessante desse trabalho é discutir a possibilidade de aplicar tais conhecimentos no contexto do ensino de idiomas. Para tanto, como os próprios autores apontam, seria interessante analisar outros aspectos do aprendizado do vocabulário de uma segunda língua:
- O uso de substantivos abstratos alteraria de alguma forma o padrão de aprendizado observado? (o estudo utilizou apenas substantivos concretos [referentes à comida e partes do corpo]);
- como seria o fenômeno de bloqueio considerando línguas com menor similaridade? (no caso desse trabalho ambas as línguas são alfabéticas; mas e se uma delas fosse uma língua que não baseia sua escrita em fonemas? [como chinês, que utiliza ideogramas]).
Uma interpretação alternativa (não-behaviorista), para o mesmo fenômeno estudado poderia ser dada por um psicólogo cognitivo.
ResponderExcluirEle poderia muito bem dizer que, a importância do intervalo e da inversão, se deve apenas porque o processamento cognitivo da “memória sequencial” (um sub-setor da memória explícita, que serve para gravar eventos numa ordem), seria assim ativada. Então, por predisposição cognitiva, apresentar a PL e SL juntas pode ser ineficiente, e criar intervalos ou inverter a ordem, ativaria a necessidade de memorizar. Esta é só uma sugestão.
Ler os resumos e os comentários foi muito bom, pois deu pra ter uma noção mais claro sobre o referido estudo. Em todo caso eu ainda gostaria de saber o que é mesmo o "blocking" segundo uma visão analítico-comportamental.
ResponderExcluirSeria o fenômeno da resistência à mudança? Quem pode me ajudar?
Oi Wanderson,
ResponderExcluirConforme foi dito anteriormente pela Flávia, o fenômeno Blocking é tradicionalmente estudado na literatura de comportamento respondente. Onde o condicionamento de um estímulo Y seria "bloqueado" ou impedido pela apresentação em conjunto com um estímulo X.
Não consigo compreendê-lo de maneira semelhante ao de resistência à mudança. Visto que, os estudos em resistência à mudança tem uma metodologia bem diferente e se trata do quanto o comportamento persiste quando o ambiente muda.
Não ficou claro qual relação entre os dois fenômenos você pensou. Depois me explica. Fiquei curiosa! :)
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirNo post acima a colega Adriana Miranda ressaltou sobre a abrangência do behaviorismo radical quanto a eventos públicos e privados.
ResponderExcluirEntretanto me intriga a questão do espaçamento ser mais eficaz, talvez deveríamos levar em? consideração hipoteticamente o que ocorreu (sob uma efera privada) durante o intervalo?
Poderíamos hipotetizar que o aluno repetiu a palavra mentalmente (evento privado)? Alguém possui alguma explicação ou hipótese quanto a isso?
Julio Alves
As perguntas colocadas pelo colega Julio Alves trazem à tona questões que a psicologia cognitiva tenta responder através da criação de métodos para estudar comportamentos não-diretamente observáveis (que ocorrem dentro da mente). A 'esfera privada' também sofre influência do contexto no qual estamos inseridos, porém é nela que ocorrem os processamentos/decisões que serão tomadas afim de compreendermos e tirarmos conclusões do que ocorre. Em outras palavras, o contexto pode auxiliar, mas a 'palavra final' não é dele, e sim da 'mente', Certamente existem controvérsias acerca dessas conclusões e isso torna a psicologia uma ciência que surpreende as pessoas desde seu início.
ResponderExcluirEm geral, é dito que sempre há um treino mental, caso não haja alguma espécie de "bloqueio" ou distrator. Esse espaçamento pode ser mais eficaz pois o fenômeno da linguagem pode ser um fenômeno que ocorre serialmente (um input seguindo o outro, seguindo o outro, assim sucessivamente) e não em paralelo (onde diversos processos podem ocorrer simultaneamente). Logo, pode ter ocorrido um 'evento privado' anterior a aprendizagem/aquisição que pode ter demandado maior tempo de processamento mental.
As perguntas colocadas pelo colega Julio Alves trazem à tona questões que a psicologia cognitiva tenta responder através da criação de métodos para estudar comportamentos não-diretamente observáveis (que ocorrem dentro da mente). A 'esfera privada' também sofre influência do contexto no qual estamos inseridos, porém é nela que ocorrem os processamentos/decisões que serão tomadas afim de compreendermos e tirarmos conclusões do que ocorre. Em outras palavras, o contexto pode auxiliar, mas a 'palavra final' não é dele, e sim da 'mente', Certamente existem controvérsias acerca dessas conclusões e isso torna a psicologia uma ciência que surpreende as pessoas desde seu início.
ResponderExcluirEm geral, é dito que sempre há um treino mental, caso não haja alguma espécie de "bloqueio" ou distrator. Esse espaçamento pode ser mais eficaz pois o fenômeno da linguagem pode ser um fenômeno que ocorre serialmente (um input seguindo o outro, seguindo o outro, assim sucessivamente) e não em paralelo (onde diversos processos podem ocorrer simultaneamente). Logo, pode ter ocorrido um 'evento privado' anterior a aprendizagem/aquisição que pode ter demandado maior tempo de processamento mental.
Apesar da simplicidade do artigo, particularmente achei bem interessante algumas idéias abordadas e resultados apresentados. Revela-se de maneira intrigante a forma como o uso de imagens pode interferir (o autor chama de “bloquear”) ao invés de contribuir no aprendizado de uma segunda língua. Intrigante, pois esse método é inclusive extremamente tradicional no meio educacional, não somente em escolas de idiomas, mas em colégios, cursos profissionalizantes, faculdade e inúmeros outros contextos educacionais. Acho que um ponto crucial para se refletir a partir do artigo é pensarmos que a “forma/maneira” no uso dos estímulos na aprendizagem deve ter igual (ou até maior) importância do que a simplesmente gerar “quantidade” de estímulos presentes no ambiente. Aos colegas que tiverem interesse, há um vídeo bastante didático publicado em 2014 no youtube que retrata (muito criativo em forma de cartoon) as principais idéias do Behaviorismo relacionados com a Aprendizagem (ou aquisição) de uma Segunda Língua, vale a pena ver. Link: https://www.youtube.com/watch?v=VvOIbDI2fro . O vídeo tem aproximadamente 6 minutos com legenda em inglês.
ResponderExcluirRODRIGO KILL
Achei muito interessante o experimento, principalmente no que se refere às possíveis discussões de seus resultados. Já está batido pois todos comentaram isto, mas não posso deixar de compartilhar a opinião no que se refere à como esta pesquisa pode auxiliar na didática hoje utilizada no ensino de segunda língua. No mais, o resumo está muito bem feito, meus parabéns ao grupo, e gostei muito dos comentários de todos (em principal ao da Flávia, que está muito bem fundamentado e didático, além de ser uma opinião que compartilho). No que se refere ao efeito Blocking, creio ser relevante destacar que o esquema de seu procedimento muito se assemelha ao que seria um procedimento de condicionamento respondente de segunda ordem cuja apresentação do estímulo condicionado e o estímulo neutro (que nesta analogia seriam respectivamente a primeira e a segunda lingua) ocorrem simultaneamente, com exceção de que neste procedimento não haveria uso do estímulo incondicionado (no caso, em analogia, a figura). Meu ponto é: caso minha perspectiva esteja correta, com a retirada da figura, seria possível realizar o condicionamento por meio de segunda ordem entre a primeira e a segunda língua. Porém, estudos indicam que este tipo de condicionamento é menos eficaz devido sua dependência da manutenção não apenas dele como também do condicionamento de primeira ordem, e portanto meu comentário se refere mais a pesquisas cuja contribuição seria teórica e não prática.
ResponderExcluirÉ interessante observar que a maioria das escolas de idiomas utilizam-se do primeiro modelo para ensinar uma nova língua, esse estudo é uma possibilidade de adequar a maneira de como podemos facilitar a aprendizagem de uma nova língua sem que seja necessário um longo tempo. Ficou claro para mim que a utilização de princípios da Análise do Comportamento é uma das possibilidades de facilitar o processo de aprendizagem de um nova língua.
ResponderExcluirEmbora, o trabalho demonstre a significativa melhora na aprendizagem dos participantes com a introdução dos procedimentos de intervalo e inversão e, embora, seu objetivo esteja circunscrito, parece-me que o método evoca o audiolingualismo e suscita alguma provocação... Caso os bons resultados obtidos fossem orientados para um programa de ensino/aprendizagem teriam os alunos facilidade para superar possíveis “bloqueios” relativos à transferência das novas aquisições para um contexto real de novas comunicações?
ResponderExcluirO fato de a variável "Intervalo entre as apresentações dos cartões" ter causado diferenças significativas demonstra a importância do controle ambiental sobre o resultado das intervenções em aprendizagem, o que nos abre precedente para analisar que outros tipos de controle podem não ter sido levados em conta nesse experimento. Por exemplo, a primeira língua já estava associada a ganhos que esses indivíduos tiveram fora do contexto da pesquisa, enquanto a segunda língua só produziu ganhos artificiais, tendo em vista a comparação de magnitude de reforço dentro e fora do contexto da pesquisa, ou reforços arbitrários em contrapartida dos reforços naturais, talvez existam variáveis que deveriam ter sido isoladas ou controle experimental que eliminasse esse efeito. Se comparados cursos em que o aluno é colocado em situações que simulam cenas triviais que viveríamos em um país de língua diferente de nossas línguas e cursos em que o foco é a tradução e repetição, poderíamos notar diferenças significativas entre a aprendizagem, ainda mais se compararmos a alunos com experiência no exterior, novamente comprovando a funcionalidade da aprendizagem.
ResponderExcluirParabéns ao grupo pelo resumo, a linguagem ficou clara e objetiva.
ResponderExcluirUm ponto que me instigou no texto, foi o autor tratar a primeira linguagem como um estímulo incondicionado, no entanto, como fica clara como a linguagem é modelada por uma determinada comunidade verbal, é um pouco confuso tratar a primeira linguagem como estímulo incondicionado, visto que para qualquer criança, independentemente de nacionalidade ao apresentar um som alto, provavelmente a criança terá uma resposta de sobressalto, já a linguagem em si, para ela ser evocada e adquirir significado há contingências que são estabelecidas em cada cultura.
Achei a questão principal do experimento muito interessante e pode auxiliar em métodos educacionais na aquisição de uma segunda língua. O experimento também contribui ao demonstrar que o processo de blocking também pode ocorrer em um procedimento em que há procedimento operante.
os comentários de todos vocês ajudou a entender mais a resenha do texto. Mostra a diversidade possível de olhares sobre um mesmo tema. Mostra a complexidade do fenômeno em discussão. Infelizmente, o modelo de pesquisa experimental em psicologia dialoga pouco com outras áreas do conhecimento. Um artista plástico poderia indagar em uma pesquisa deste tipo em que medida a criança está reagindo de fato a uma palavra. Como distinguir, na psicologia experimental, a reação do participante a uma palavra ou a um desenho ? o texto não aborda este ponto. Talvez assuma que seja óbvio ou que não é da alçada das teorias do condicionamento este tipo de questão. Me parece importante porque li em vários comentários a expressão "análise funcional". Como então analisar e distinguir funcionalmente uma palavra ou um desenho. Não é pela forma de ambos, certo ? Então me digam: o que caracteriza palavra e desenho enquanto estimulos verbais ?
ResponderExcluira artista Zulmira Oliva lançou o livro "Palavras" em 1983 onde as palavras assumem as formas dos objetos que referem. O trabalho é tão primoroso que em relação a alguns seres (o cavalo, por exemplo) fica dificil saber do que está em jogo: se é palavra ou desenho. em filosofia da arte, definir o que é uma figura é tão problemático (e básico) quanto definir comportamento no texto de Schick.
ResponderExcluirBloqueio é um dos tipos de condicionamento mais investigados. Bloqueio é um fenômeno robusto que ocorre durante o condicionamento onde o pré-treino afeta a aquisição de uma nova associação. Na teoria de Robert Rescorla, alguns eventos ou pistas são mais salientes do que outros. Devido a experiência anterior, figura (ou a palavra na primeira lingua) é mais saliente do que a palavra. Figura apresenta maior força associativa do que a palavra para evocar a ação de nomear, pro exemplo. O evento "proferir cadeira" não é previsto pela pista no inicio da aprendizagem quando o experimentador apresenta o cartão com a palavra escrita; Para Rescorla, surpresa determina a quantidade de aprendizagem que ocorrerá; a pista mais saliente, no inicio da aprendizagem, adquire força associativa mais rapidamente do que a pista menos saliente e ganha a maior parte da força associativa total disponivel. Resumindo: na teoria do condicionamento de Robert Rescorla:
ResponderExcluirSurpresa: incialmente o indivíduo não sabe qual o evento (nomear um objeto) que está associado com a pista (palavra escrita);
Seletividade: figura é uma pista que está fortemente associada com nomear o objeto. A palavra não possui seletividade alguma.
Saliência: figura já possui parte da força associativa da ação de nomear. A palavra precisa adquirir alguma saliência.
Atualmente, esta é a teoria do condicionamento clássico que está sendo utilizada para discutir o fenômeno do bloqueio apresentado no artigo resenhado.