Resumo do texto 3:
Schick, K. (1971). Operants. Journal of the experimental analysis of behavior, 15, 413-423.
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Schick, K. (1971). Operants. Journal of the experimental analysis of behavior, 15, 413-423.
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O estudo dos operantes
diz respeito às relações entre os comportamentos e suas influências, sejam elas
contextuais ou consequentes. Interessado em discutir o termo operante, Schick
(1971) inclinou-se a dissecar a definição de comportamento utilizada pelo
Behaviorismo Radical proposto por Skinner, e deparou com duas questões, são
elas: 1) Quanto do que ocorre no mundo pode ser considerado comportamento?; 2)
Quais unidades do comportamento podem ser selecionadas?
Diante destas questões,
o autor utiliza-se dos estudos e afirmações de Skinner para comunicar suas
reflexões sobre os operantes. Inicia sua análise com a primeira definição de
comportamento feita por Skinner, que apontou o comportamento como o movimento
do corpo ou das partes do corpo de um organismo, ou seja, comportamento seria o
que os organismos fazem. Porém, na visão de Schick, esta definição é limitada,
pois alguns comportamentos, sob controle de seus antecedentes e de suas
consequências, não se mostram em movimentos observáveis do corpo e não deixa
claro se comportamento é algo que um organismo faz que tenha efeito direto
sobre o ambiente.
Neste ponto inicial da
discussão, Schick mostra que a questão sobre o que pode ser considerado
comportamento não fica satisfatoriamente respondida por Skinner. Porém, assume
que, mesmo não sendo possível definir exatamente o que é comportamento, ainda é
possível estudá-lo tentando classificar as instâncias do comportamento. Assim,
o autor levanta novamente a questão sobre as unidades do comportamento, mas com
foco no comportamento operante, que, como já dito, é aquele comportamento influenciado
pelo ambiente e por suas consequências.
Diante disso, Schick
mostra que Skinner utiliza-se da Lei do Efeito para tratar do comportamento
operante. Tal lei é uma tentativa de mostrar que as consequências de certos
comportamentos determinarão a ocorrência de outros comportamentos. Assim, um
novo questionamento é levantado pelo autor: Quais consequências são produzidas
pelos comportamentos? Esta questão leva ao refinamento do conceito de
reforçamento.
O termo reforçamento é
definido como eventos ambientais que seguem os comportamentos e que aumentam a
probabilidade de ocorrência futura de comportamentos do mesmo tipo. Em outras
palavras, um estímulo será reforçador quando produzir algum tipo de mudança no
comportamento.
Por conta da relevância
que as consequências possuem sobre os comportamentos e pelo fato de que
comportamento e consequência são partes de um operante, Schick (1971) apontou
para um problema de circularidade quando observou que, nas palavras de Skinner,
os operantes eram definidos em termos dos reforçadores e que estímulos
reforçadores eram definidos em termos de operantes. De forma mais detalhada, o
problema seria: um comportamento produz uma consequência ou uma consequência
produz um comportamento? Esta circularidade não foi o ponto central da Lei do
Efeito para Skinner, que insistiu em mostrar uma relação entre ambos os
elementos constituintes dos operantes, ou seja, tanto a resposta quanto o
reforço não devem ser analisados separadamente, pois não é possível identificar
um sem se referir ao outro.
Esta discussão retoma a
necessidade de encontrar a unidade de análise de uma psicologia comportamental.
Schick aponta para o operante como a unidade de análise das relações entre os
eventos ambientais, os comportamentos e suas consequências. Aqui, mais uma vez,
o conceito de reforçamento é retomado e seu papel é fundamental para a manutenção
das relações operantes uma vez que passa-se a entender que há uma relação
temporal, expressa em termos de ordem e proximidade, entre resposta e reforço
que mantém os operantes. Além disso, a noção de reforçamento aponta também para
a probabilidade de ocorrência de outras respostas semelhantes à primeira. Assim, o reforço que uma resposta produz, pode
aumentar a ocorrência dela mesma, assim como de outras respostas semelhantes em
forma e/ou função.
Na
tentativa de definir o termo operante, Schick se depara com diversas definições
e uso de outros conceitos (eventos ambientais, classe de respostas,
reforçamento). Porém, nota-se que para compreender a noção de operante é
preciso ter foco na função do comportamento, ou seja, como ela opera no
ambiente e quais modificações produzem sobre ele. Assim sendo, a topografia
(forma) de um comportamento pode ser considerada, mas não se torna o foco
principal da unidade de análise comportamental. Em outras palavras, a
preocupação de Skinner ao definir, mesmo de que forma confusa, o termo operante
foi chamar a atenção para os efeitos que os comportamentos dos organismos
produzem sobre o mundo.
Segundo o autor, existe
uma simples, mas muito importante, consequência do conceito de operante: pelo
fato de muitas respostas terem muitas diferentes propriedades indefinidas, toda
resposta pode pertencer simultaneamente a muitos e indefinidos operantes. Ou
seja, para ele, há um claro problema de definição que impede tratar
propriamente do operante enquanto tal.
Então, se operante é
definido enquanto classe de respostas que possuem certas propriedades sobre as
quais o reforço é contingente, Schick chama atenção do leitor quanto a um
suposto problema relacionado à definição de extinção e comportamento
supersticioso. Skinner entende que quando um reforço não é mais liberado quando
a resposta é emitida, a resposta tende a diminuir de frequência e pode até
deixar de ocorrer, este evento pode ser descrito com processo de extinção
comportamental. Dada essa condição, Schick entende que há um tipo de operante
que não pode ser definido pelas propriedades em que o reforço é contingente,
uma vez que na extinção não há reforçamento.
O mesmo pode ser
pensado sobre o comportamento supersticioso que, grosso modo, descreve o controle
de respostas mesmo quando o reforço não é contingente a uma dada resposta alvo,
ou seja, a resposta é reforçada acidentalmente. Em outras palavras, significa
dizer que o operante pode não ser mais definido em termos de sua consequência.
Ao tratar desse contexto, o autor coloca que um possível erro da explicação de
Skinner está no entendimento de que há contingência de reforço apenas pela
contiguidade entre resposta e reforço. Schick enfatiza mais uma vez que, por
definição, o reforço não é contingente a resposta em si, mas a suas
propriedades. Sendo assim, a classe operante do tipo supersticioso, embora
possuam propriedades semelhantes, não são definidos em termos da produção do
reforço.
Quando se trata do
conceito de transferência ela é definida como o fortalecimento de respostas que
não foram diretamente reforçadas em função do reforçamento para respostas que
possuam as mesmas propriedades. Portanto, o conceito de transferência também
problematiza que operante não é definido apenas por uma relação de dependência,
mas que abarca as propriedades de uma resposta. No entanto, se há reforçamento
para uma classe de respostas que possuem elementos em comum, não se pode falar
de transferência, pois nesse caso houve reforço para todas as respostas que
possuem o mesmo elemento em comum.
O
termo mando, previamente definido por Skinner como uma relação única entre a
forma de uma resposta se apresenta e o efeito reforçador recebido por uma
comunidade, é criticado pelo autor pela circularidade. De acordo com Schick,
para se reforçar uma resposta de mando, você precisa identifica-la e ela só é
passível de ser identificada quando ela recebe seu reforço específico pela
comunidade. O autor faz um exercício de crítica conceitual, convidando a
analisar as limitações do conceito de mando em se encaixar dentro da noção de
operante, porém sua argumentação carece de trabalhar a questão da relação probabilística,
pois mesmo quando há dependência entre eventos existem uma série de outros
processos que determinam a probabilidade da ocorrência. Nesse
sentido, as definições de extinção, comportamento supersticioso, transferência e
mando, mostram que operante não pode ser definido em
termos de uma unidade de comportamento e que na história do organismo, diversos
comportamentos que possuem as mesmas propriedades devem ser registrados.
Por fim, insatisfeito
com as definições e argumentações de Skinner, Schick buscou ele próprio definir
o termo operante. Para ele, operante é definido como propriedades de uma
resposta de diferentes tipos; estas propriedades dizem respeito aos efeitos, às
formas e à ocorrência de certas respostas na presença de certos estímulos.
SOBRE
O AUTOR
Karl
Damian Schick, é professor formado pelo Departamento
de Psicologia da Universidade de Harvard. O artigo entitulado de “Operants” foi originado da sua tese de
doutorado apresentada em 1971, com o tema “Studies
on the foundation of Skinner's psychology”. No período até 2012 o autor foi
responsável pela publicação de três livros relacionados com a área de análise
linguística e lógica. Curiosamente, Schick recebeu seu título de PhD. em
1971 juntamente com outros 25 alunos seletos de Harvard, dentre eles os
renomados psicólogos Howard Gardner e Gary Schwartz, (responsáveis pelas
teorias das Inteligências Múltiplas e Evolução da Consciência).
* Resumo elaborado por: Flávia da Fonseca Hauck Ferreira, Ítalo Siquiera, Karen Ellen Mororó Araújo, Leandro Schroder, Lesley Diana de Sousa, Messias Batista Salvador, Rodrigo Kill, Wanderson Barreto, Wilson Bonfim.